Soldados nigerianos, em debandada,
fugindo do Boko Haram, exércitos do Iraque e Síria sendo esmagados pelo ISIS. Ou as tropas regulares desses países vivem um estado de caos e despreparo -o que poderia ser o caso iraquiano e sírio, sob intervenção armada estrangeira e guerra civil há anos- ou os jihadistas têm uma força inaudita.
Coloquemos a questão nestes termos: de onde vem essa força? Há tentativas de explicar a
origem dos financiamentos ao ISIS. É complexo, como se vê, mas em minha opinião há algo aí;
algo de podre no Califado, se me permite Hamlet. Os indícios se acumulam: as atrocidades cometidas em nome do Islã (e assim sujando sua imagem aos olhos da comunidade internacional), o ódio à resistência palestina, os massacres de xiitas- isto é, de apoiadores do Irã e de Assad, regimes inimigos dos EUA e de Israel... Quem quer que se detenha na geografia da região verá o rápido
avanço dos jihadistas. Um Califado extremista às portas não deve ser o cenário de sonho de Israel. Mas, porventura, o sionismo tem se movimentado?
Sim, tem se movimentado e, é essa minha leitura, se movimentado justamente para garantir os êxitos do ISIS. O inimigo de meu inimigo é meu amigo, diz o velho bordão, e só por ameaçar Assad e o Irã o Califado merece o apoio ianque-sionista. Negarão, é verdade, e soltarão
bravatas. Quem não conhece o jogo sujo dos ianques que se deixe enganar.
A tese do apoio tático contra um inimigo em comum é plausível. Mas as coisas podem ser ainda mais sinistras: o movimento pode estar totalmente, absolutamente, submetido aos interesses ianque-sionistas, desde o nascedouro. Não falo acima na ojeriza ao Islã que os jihadistas têm criado aos olhos do público? De como odeiam a resistência palestina? Isso tudo pode obedecer a uma lógica maior. Como, por exemplo, nos anos de chumbo delitos eram cometidos para se acusar os comunistas- e assim lhes tirar o apoio popular. A hipótese também é
plausível e, de novo, quem não conhece o jogo sujo dos ianques que se deixe enganar.
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Post scriptum (20/ 09/ 14): neste
link, hipóteses para explicar os êxitos do ISIS sobre o exército regular iraquiano.