De celibato, a propósito de uma obscura seita russa

Sexo enquanto tabu, nada obstante ser uma das pulsões mais básicas da vida. O celibato, conforme Terry Eagleton, deveria ser entendido (naquilo que ele propõe como uma leitura progressista, não-esterotipada, da religião) não como uma repulsa, uma aversão, ao sexo, mas muito pelo contrário, como um sacrifício em prol de uma causa superior. O sujeito gosta de sexo. Não abriria mão do sexo. Todavia, em vista das dificuldades da tarefa (no caso religioso, a intenção de se dedicar "in totum" à senda devocional), abre mão de um prazer terrestre em prol da realização eterna na outra vida. Mas parece que o que vigora na mente dos fanáticos e fundamentalistas de todo tipo, ao contrário, é a aversão pura e simples; o sexo como pecado, sujo, obra de satanás. Tal aversão ao sexo parece-me evidentemente doentia, leve ao celibato ou não (ou, pior ainda, ao extremo da castração). O trato corânico com o sexo é diferente. Não apenas o casamento é sunna [tradição], como o sexo é permitido, mesmo em noites de jejum (2:187, 223), sendo o desejo sexual natural, como os demais gostos terrenos (3:14).

[Originariamente no Facebook, aqui; matéria relacionada, aqui]

O milagre do passado encontra sua justificação científica hoje

Habermas ("Conhecimento & interesse"): "Marx escreveu certa vez a [Ludwig] Kugelmann: 'As leis naturais não podem de modo algum ser superadas. O que pode se alterar em estados historicamente distintos é apenas a forma na qual aquelas se impõem'". A forma como se impõem, ou como são compreendidas; o milagre do passado encontra sua justificação científica hoje. Quando o texto corânico diz que "criamos todos os seres vivos da água" (21:30), está, há um milênio e meio, antecipando as modernas teorias da origem da vida.

[Originariamente no Facebook, aqui]

Golpistas também no plano internacional

Os canalhas que no momento ocupam o Palácio do Planalto são golpistas também no plano internacional. Há tempos estava claro que o impeachment de Dilma -golpe, independentemente do que o próprio PT diga ou deixe de dizer- se inseria em uma ampla ofensiva reacionária no nosso continente, que contou, em outros episódios recentes, com as derrotas de Maduro e Evo nos referendos de 06/10/15 e 21/02/16, respectivamente, e com a eleição de Macri na Argentina. É por isso que o chamado à frente única anti-golpista se justificou desde o início. Nunca se tratou, ao menos não da parte da oposição de esquerda, de "defesa de Dilma e do PT", e sim de impedir que um campo ainda mais à sua direita assumisse o poder sem resistência. Pois agora tal campo está no poder e está desmantelando as parcas conquistas progressistas dos últimos anos.

[Originariamente no Facebook, aqui; matéria relacionada, aqui]

O êxtase diante do sagrado é inevitável

"Samadhi" é o êxtase espiritual, o estado superior de consciência, nirvânico (mas não o nirvana em si; que seria o fim do êxtase?), atingido pelo devoto. Rama [Ram], por sua vez, o modelo de "cavalaria espiritual", conforme o marxista francês Roger Garaudy, o sétimo avatar de Vishnu, e Sita, sua consorte, Lakshimi- com paralelo iorubá em Oxum, entendo eu, a deusa da fartura e do ouro. O êxtase diante do sagrado é inevitável- falávamos mais cedo dos êxtases místicos de Mansur al-Hallaj, que culminaram com seu martírio diante do Califado Abássida no séc. X., por heresia.

Vídeo.

[Originariamente no Facebook, aqui]