"(...) as realidades mais óbvias, onipresentes e fundamentais são com frequência as mais difíceis de ver e conversar a respeito. Dito dessa forma, em uma frase, é claro que isso não passa de uma platitude banal, mas o fato é que nas trincheiras cotidianas da existência adulta as platitudes banais podem ter uma importância vital, ou pelo menos é o que eu gostaria de sugerir a vocês nessa manhã de tempo seco e agradável." (David Foster Wallace, "This is water", 2005)

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Dançar é preciso, viver não é preciso

O clérigo xiita kuwaitiano Yasser Habib, à pergunta se é ilícito cantar ou tocar música:

Singing as well as playing music is a trap of Shaytan and a window through which he can get access to his soul and heart and lead him to desire, both of which are forbidden.

Uma interpretação que não fala pela religião inteira, evidentemente, mas que interpretação! Evoca um cenário desolado e sombrio. Eu penso justamente o contrário- a música é estar em contato com a divindade e, como diz Garaudy, toda tentativa de falar com Deus (theo, logos) é poética, do Ramayana aos poemas de São João da Cruz.

"Se eu não posso dançar não é minha revolução" (If I can't dance I don't want to be in your revolution), diz a frase supostamente atribuída a Emma Goldman. É isso mesmo: dançar é direito inalienável, e revoluções e religiões sem dança são coisas muito chatas.

2 comentários:

  1. A Sharia, está cheia de pontos obscuros e sombrios. Eu como anarco-sufi , me apego na Profecia do advento do Madhi , o Califa e grande reformador .

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  2. E ruminemos com Rumi :D

    "O sufi está dançando
    como os raios de sol quando brilham.
    Dança do crepúsculo até a madrugada.
    Eles dizem: 'Isso é coisa do diabo!'.
    Certamente, então, o diabo com quem dançamos
    é doce e alegre
    e ele mesmo um exímio dançarino
    "

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