"(...) as realidades mais óbvias, onipresentes e fundamentais são com frequência as mais difíceis de ver e conversar a respeito. Dito dessa forma, em uma frase, é claro que isso não passa de uma platitude banal, mas o fato é que nas trincheiras cotidianas da existência adulta as platitudes banais podem ter uma importância vital, ou pelo menos é o que eu gostaria de sugerir a vocês nessa manhã de tempo seco e agradável." (David Foster Wallace, "This is water", 2005)

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

O Califado a soldo dos ianques

Soldados nigerianos, em debandada, fugindo do Boko Haram, exércitos do Iraque e Síria sendo esmagados pelo ISIS. Ou as tropas regulares desses países vivem um estado de caos e despreparo -o que poderia ser o caso iraquiano e sírio, sob intervenção armada estrangeira e guerra civil há anos- ou os jihadistas têm uma força inaudita.

Coloquemos a questão nestes termos: de onde vem essa força? Há tentativas de explicar a origem dos financiamentos ao ISIS. É complexo, como se vê, mas em minha opinião há algo aí; algo de podre no Califado, se me permite Hamlet. Os indícios se acumulam: as atrocidades cometidas em nome do Islã (e assim sujando sua imagem aos olhos da comunidade internacional), o ódio à resistência palestina, os massacres de xiitas- isto é, de apoiadores do Irã e de Assad, regimes inimigos dos EUA e de Israel... Quem quer que se detenha na geografia da região verá o rápido avanço dos jihadistas. Um Califado extremista às portas não deve ser o cenário de sonho de Israel. Mas, porventura, o sionismo tem se movimentado?

Sim, tem se movimentado e, é essa minha leitura, se movimentado justamente para garantir os êxitos do ISIS. O inimigo de meu inimigo é meu amigo, diz o velho bordão, e só por ameaçar Assad e o Irã o Califado merece o apoio ianque-sionista. Negarão, é verdade, e soltarão bravatas. Quem não conhece o jogo sujo dos ianques que se deixe enganar.

A tese do apoio tático contra um inimigo em comum é plausível. Mas as coisas podem ser ainda mais sinistras: o movimento pode estar totalmente, absolutamente, submetido aos interesses ianque-sionistas, desde o nascedouro. Não falo acima na ojeriza ao Islã que os jihadistas têm criado aos olhos do público? De como odeiam a resistência palestina? Isso tudo pode obedecer a uma lógica maior. Como, por exemplo, nos anos de chumbo delitos eram cometidos para se acusar os comunistas- e assim lhes tirar o apoio popular. A hipótese também é plausível e, de novo, quem não conhece o jogo sujo dos ianques que se deixe enganar.

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Post scriptum (20/ 09/ 14): neste link, hipóteses para explicar os êxitos do ISIS sobre o exército regular iraquiano.

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