"(...) as realidades mais óbvias, onipresentes e fundamentais são com frequência as mais difíceis de ver e conversar a respeito. Dito dessa forma, em uma frase, é claro que isso não passa de uma platitude banal, mas o fato é que nas trincheiras cotidianas da existência adulta as platitudes banais podem ter uma importância vital, ou pelo menos é o que eu gostaria de sugerir a vocês nessa manhã de tempo seco e agradável." (David Foster Wallace, "This is water", 2005)

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Sexta-Feira Santa de lágrimas

O dia se arrasta num clima medieval. Não apenas pelo tempo, nublado, quase chuvoso, e nem apenas porque ouço cantos gregorianos (aqui, aqui). A tristeza ainda é -e sempre será- profunda: há poucos dias perdia meu filho Glauco, recém-nascido, numa UTI neonatal. Oxalá pudesse, como o Cristo, vencer a morte.

Sim, o dia se arrasta num clima medieval porque, além de tudo, é Sexta-Feira da Paixão. No blog antigo eu já escrevi sobre o Cristianismo (precisamente seu aspecto revolucionário), e, em homenagem à data, me reporto ao texto.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Lançar tudo fora, abrir mão de tudo

Para Fernando Rodrigues Felix

Muito tempo depois, escuto novamente a música Mantra de Nando Reis que, no final das contas, ainda é o titã mais em evidência, ao lado de Tony Bellotto. A letra traz o chamado oriental ao desapego: Quando não se tem mais nada/ Não se perde nada. É preciso perder para crescer; esvaziar para tornar a encher, mas com um conteúdo novo.

Lançar tudo fora, abrir mão de tudo. O que (re)encontraremos, nesse vazio? Rumi, lá do século XIII islâmico, ecoa esse apelo milenar:

(...)
Eu deixei o meu cérebro.
Eu rasguei minha roupa em pedaços
e joguei-a fora.

Se você não está completamente nu,
então se enrole num lindo roupão de palavras

E durma.

Precisamos estar nus. Despindo, revelamos.

Enquanto nós aqui, na sociedade de classes do século XXI- no afã de acumular, do ponto de vista material, mais e mais e, nesse "mais", nos tornando cada vez "menos". Já nos dizia Marx, "a desvalorização do mundo humano cresce na razão direta da valorização do mundo das coisas".

sábado, 5 de abril de 2014

Sobre Direito Animal

Neste link, texto meu, publicado no sítio do Instituto dos Advogados Brasileiros, versando sobre "Direito Animal". É uma novidade por ora; mas temos avançado nesse campo, o do combate ao especismo. Há que dar uma forma jurídica nova ao trato com os animais, para que passem a ser considerados não mais como "coisas", e sim como seres vivos carecedores de respeito e consideração.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Sobre deísmo

Neste link, texto atribuído a Allan Kardec acerca do deísmo. Ataca essa concepção, mas parece ressalvar o dito "deísta providencial", o qual

(...) crê não somente na existência e no poder criador de Deus, como também em sua intervenção incessante na criação.

Lembrou-me Henry Miller, não me lembro onde, dizendo: Deus fez o mundo e entrou nele. O milagre diário -e no blog tenho falado em milagres- corrobora essa visão, como quer que você entenda "Deus". Criação permanente, e isso é a dialética.