A polícia brasileira tem um jeito curioso de "investigar". Primeiro escolhe a versão e, uma vez escolhida, passa-se a colher provas que lhe sirvam. Isso fica claro em episódios recentes da crônica policial. Por exemplo, nos casos da família Pesseghini e do jovem Kaique. Não há cautela, não há reservas, não há cuidado- a polícia dá logo o "diganóstico" (-foi isso!, -foi aquilo!), e então se vai buscar provas que fundamentem a versão.
Exagero? Os ingênuos que leiam esta entrevista, na qual agente da polícia federal deixa claro que "(...) a necessidade de você obter uma informação é até você obter o que você quer. O que eu quero? Provar nosso ponto perante a justiça, curiosidade é coisa de menino".
Essa é a polícia no Brasil. Colhendo informações até provar o ponto "dela". O resto é "curiosidade de menino". Felizmente o inquérito policial "não é indispensável à propositura de ação penal, podendo a acusação formar seu convencimento a partir de quaisquer outros elementos informativos" (Eugênio Pacelli, "Curso de Processo Penal"), o que, em verdade, mostra o quanto uma polícia parcial e obtusa é, ela própria, dispensável.
Fica aqui para esses "investigadores" -os de boa-fé, ao menos- a lição de Conan Doyle, pela boca de Sherlock Holmes:
É um erro capital teorizar antes de se ter os dados. Invariavelmente começamos a torcer os fatos para se ajustarem à teoria, em vez de ser a teoria a ajustar-se aos fatos.
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