"(...) as realidades mais óbvias, onipresentes e fundamentais são com frequência as mais difíceis de ver e conversar a respeito. Dito dessa forma, em uma frase, é claro que isso não passa de uma platitude banal, mas o fato é que nas trincheiras cotidianas da existência adulta as platitudes banais podem ter uma importância vital, ou pelo menos é o que eu gostaria de sugerir a vocês nessa manhã de tempo seco e agradável." (David Foster Wallace, "This is water", 2005)

quarta-feira, 10 de julho de 2013

A espada substituída pelo crucifixo

Acabei o primeiro volume, "O Último Reino" (The Last Kingdom, 2004), das "Crônicas Saxônicas" de Bernard Cornwell. Em versão PDF, porque não encontrei o livro no centro na cidade. De início pensei estar lendo a obra errada, afinal, eram os dinamarqueses -os famigerados vikings- os protagonistas, e não os saxões, coitados, pintados como fracotes cristãos levando surra atrás de surra. Os saxões assumem a dianteira da história apenas do meio pro final, quando assoma a figura de Alfredo (Ælfred), rei de Wessex, o estadista que foi para os saxões o que o mítico rei Arthur foi para os bretões.

Isso dos pagãos fortes contra os cristãos fracos aparece, a propósito, também na trilogia de Cornwell sobre Arthur. O cristianismo como um drenador, um sugador, de forças. A espada substituída pelo crucifixo, a confiança depositada nos céus e não nas próprias forças. Lembro-me da crítica nietzschiana ao cristianismo, uma "religião de escravos", uma "religião de decadência". Endossando isso ou não, é claro que dar a outra face e projetar a felicidade para o futuro pós-túmulo não dá em boa coisa.

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