"As joias" de Baudelaire, integrante de "As flores do mal". Não sei de quem é essa tradução para o português, mas é a mais conhecida. Poesia altamente sensual para chocar os carolas do séc. XIX.
A amada estava nua e, para o meu amor,O seu corpo a florir só de jóias faísca.E em sua ostentação, revela o ar vencedorQue num dia feliz tem a escrava mourisca.
Quando atira na dança o ruído zombador,Este mundo a irradiar de pedras e metais,Põe-me num frenesi e adoro até o furorO que une a luz ao som mas em partes iguais.
Ela estava deitada e deixando-se amar,Do alto do seu divã, ela sorri sem medo,Ao meu amor profundo e doce como o marQue procura alcança-la assim como um rochedo.
O olhar fixado em mim, como um tigre domado,Com ar vago e distante ensaiava poses,E o seu candor unido ao ar mais debochado,Só vai fatalizar suas metamorfoses;
Sua coxa e seus rins, seu braço e sua perna,Óleo lustroso e cisne a ondular a linha,Passam por meu olhar de luz aguda e terna;Ventre e seios do amor, cachos de minha vinha,
Avançam mais sutis que os Anjos do Mal,Perturbando o repouso em que pus a minha alma,Como para abalar, da rocha de cristal,Em que ela está sentada solitária e calma.
Acredito que ali novo desenho aliaDe Antíope os quadris a um busto de adolescente,De tal modo realça em seu porte a bacia,E sobre a sua tez a maquiagem é tão luzente!
- E tendo finalmente a lâmpada morrido,E como a alcova só se ilumina da lareira,Cada vez que ela solta um flamante gemido,Umedece de sangue esta pele trigueira!
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