O que leva uma corrente, como a LBI (citada no último post), a uma análise tão rasteira da realidade? Eis o que diz em seu texto "'Frente Única pró-Fascista'? Revisionistas defendem PEC-300 após PM comandar massacre na Maré", de 28/ 06 (aqui):
Apesar de nesta manifestação no Rio de Janeiro os chamados partidos de “esquerda” (PCB, PSTU, PSOL, Liga-Operária-MEPR) estarem presentes com suas bandeiras, a política revisionista destes grupos demonstrou que tal “frente” não representa qualquer avanço político nas marchas no combate a direita e aos grupos fascistas, ao contrário, na medida em que tais correntes fazem do “espontaneísmo” das massas um fetiche e desprezam a enorme confusão ideológica presente nas manifestações, acabam por se aliar a setores retrógrados e a empunhar reivindicações reacionárias.
Isto é, a dita corrente consegue colocar, na vala comum, organizações tão distintas entre si como as citadas acima. E não é só isso: falseia, às raias da calúnia, a posição do PCB, como se o PCB não estivesse a par das contradições envolvidas nas recentes manifestações pelo País.
Veja-se, nesse sentido, o documento "Frente anticapitalista para avançar", do Comitê Central do PCB, de 23/ 06/ 13 (portanto ANTES do texto da LBI), aqui:
A movimentação de rua, que começou por iniciativa popular, está agora em disputa, pois a direita tenta sequestrar e carnavalizar o movimento, canalizando-o para seus objetivos; essa é uma tática recorrente das classes dominantes, que sequestraram movimentos iniciados pela esquerda e os levam para o pacto de elites, como foram os casos das Diretas Já e do Fora Collor.
Valendo-se da justa indignação da população com o governo, os partidos de sua base de sustentação e demais partidos da ordem, que manipulam as demandas populares e dos trabalhadores para fins eleitorais e depois viram as costas paras estas demandas, a direita mais ideológica e reacionária, que não foi comprada pela máquina governamental petista, traveste-se de apartidária e joga as massas desorganizadas e alienadas pela mídia contra a esquerda socialista, estimulando a desordem para, em seguida, exigir a ordem.
Precisam tirar das ruas a verdadeira esquerda e suas propostas revolucionárias para, assim, se apoderar das manifestações e não ter o contraponto organizado e popular quando de suas investidas desestabilizadoras, que contam com o apoio logístico e o olhar benevolente de seus colegas fardados em horário de serviço.
No momento, a hegemonia do movimento é do campo moralista, antipartidário e “nacionaleiro” da classe média, com palavras de ordem difusas e setoriais. Soma-se a isso a compreensível explosão de setores da população tornados invisíveis pelo até então enganoso discurso ufanista do governo: indivíduos que em sua maioria saem de comunidades proletárias, cansados de apanhar da polícia. Valem-se do tumulto para se apoderar de bens de consumo que cobiçam nos anúncios na televisão, mas que não podem comprar.
As forças fascistas, reduzidas em número, mas com o apoio da grande mídia a seu discurso patrioteiro e antipartidário, aproveitam-se dessa tendência para tentar conduzir o movimento na direção de alguma forma de golpe institucional “de massas” e dentro da ordem legal, deixada intacta pelos governos petistas. Como os golpes com tanques nas ruas estão desatualizados, poderão tentar formas golpistas no parlamento e/ou no judiciário ou acumular para vencer as eleições de 2014.
Como pode a LBI dizer, então, que o PCB "despreza a enorme confusão ideológica presente nas manifestações"?
Criticar sem base é irresponsável. É a consequência das generalizações perigosas -e toda generalização o é- feitas pela LBI. Colocam as mais diversas forças dentro de um mesmo "saco de gatos", da mesma forma que os sectários, criticados por Trotsky no "Programa de Transição", que "simplificam a realidade para não se expor à tentação".
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