"(...) as realidades mais óbvias, onipresentes e fundamentais são com frequência as mais difíceis de ver e conversar a respeito. Dito dessa forma, em uma frase, é claro que isso não passa de uma platitude banal, mas o fato é que nas trincheiras cotidianas da existência adulta as platitudes banais podem ter uma importância vital, ou pelo menos é o que eu gostaria de sugerir a vocês nessa manhã de tempo seco e agradável." (David Foster Wallace, "This is water", 2005)

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Esconde uma alma lírica

Mas ainda Charles Bukowski ("ainda" se não estava falando antes?, mas é que é uma sombra que paira sempre). A casca às vezes esconde um interior radicalmente diferente; já conheci palhaços sociais que, reservadamente, me confidenciaram ser tímidos. Tudo máscara, tudo camuflagem, "tudo que é visível não passa de uma máscara" (Melville). O lúmpen bêbado de Bukowski esconde uma alma lírica. Tem ali uma sensibilidade insuspeita. Já fiz esta comparação antes: Henry Miller é mais refinado mas cínico; sofre menos que Bukowski, bruto mas honesto.

[Postado originariamente no Facebook, aqui].

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