Na surdina, o PPS e o PMN se fundem no "Mobilização Democrática", nova (sic) legenda na sopa de letrinhas da democracia institucional burguesa. Mais do mesmo jogo eleitoreiro, não fosse o detalhe insólito que faz a festa dos provocadores: o PPS teve origem no PCB. Parece desmoralizante, aos olhos dos binários e simplistas, que o grupo de Roberto Freire tivesse origem em um partido fundado sob o marxismo e o leninismo.
Não se pode negar que o PCB, fundado em 1922 e prestes a realizar seu XV Congresso, em 2014, passou por desvios ao longo de sua existência. O stalinismo a partir de fins dos anos 20, o kruschevismo, a decadência ideológica ao longo dos anos 80, em decorrência da crise do Leste europeu; tudo isso faz parte da história, não para ser apagado, mas, ao contrário, para que sirva de elemento de autocrítica visando ao aperfeiçoamento. Por mais doloroso que seja o PCB ter gestado em seu interior o PPS (e, também, o PCdoB de hoje), não se pode projetar o futuro sem encarar, resolutamente, o passado. Daí Gramsci:
O início da elaboração crítica é a consciência daquilo que somos realmente, isto é, um 'conhece-te a ti mesmo' como produto do processo histórico até hoje desenvolvido, que deixou em ti uma infinidade de traços recebidos sem benefício de inventário. Deve-se fazer, inicialmente, este inventário.
A esquerda, principalmente a marxista -o marxismo da "crítica da crítica" ("A Sagrada Família")- não pode prescindir desse inventário, desse ajuste de contas com o passado. Não para uma eterna autoflagelação e sim, como dito, para evitar os mesmos erros no futuro.
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