Na Cult de março, com Ratzinger na capa, entrevista com Vargas Llosa sobre seu recente "La civilización del espectáculo", ainda sem edição brasileira, no qual critica a banalidade e vulgaridade das manifestações culturais de massa dos dias de hoje. Não sou fã de Vargas Llosa; li apenas o "Pantaleón e as visitadoras", e achei muito inferior aos "Cem anos de solidão", do seu rival Gabriel García Márquez, que li mais ou menos na mesma época. Além disso, repudio o seu direitismo. Mas Vargas Llosa não deixa de ter razão quando critica a "vulgarização da alta cultura". Por outro lado, e isso me parece reflexo de seu direitismo, o peruano "defende a cultura como patrimônio da elite, declarando que o único modo possível de democratizá-la é nivelando-a por baixo, empobrecendo-a e tornando-a superficial" (a íntegra da entrevista pode ser lida aqui).
Maiakovsky, já na Rússia dos anos 20, dá outra solução. Em sua resposta ao burocratismo crescente nas artes, que o acusava de ser "incompreensível para as massas", disse: "que se eleve a cultura do povo!". Não se trata, pois, de "rebaixar" a arte, e sim, ao contrário, de "levantar" o gosto popular. Ademais, deve-se rejeitar o elitismo que vai negar à classe trabalhadora a aptidão para a "boa" arte, como também o preconceito que vai incidir sobre as manifestações populares, como se não pudessem ser, elas também, "boa" arte. As aspas são porque, claro, nesse assunto tudo é relativo e questão de opinião.
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