Falei em Saint-Exupéry no último post. Agora torno a ele: neste exato momento releio seu "Vôo noturno". Piloto como era, Exupéry só poderia, naturalmente, dedicar suas obras à aviação. E a aviação, com o perdão dos demais ofícios, não é uma profissão qualquer. Não é em qualquer profissão que se navega entre o Sagitário e a Ursa Maior, que se observa do alto, no escuro, os oceanos, que se se perde, enfim, na noite de ciclones. O que é a Advocacia perto disso? Nós, aqui, redigindo petições e declamando da tribuna, parecemos uma coisa mesquinha.
Em particular, a cena em que a esposa do piloto Fabien liga para o posto em busca de informações sobre o marido é triste de doer. Prepara o desjejum, o banho; mas Fabien demora em aparecer. Ora, o vôo de Commodoro a Trelew leva apenas duas horas; há seis que Fabien não dá notícias. A pobre mulher, preocupada, entra em contato com os superiores de seu marido, apenas para descobrir que sabem tanto quanto ela. É uma noite de tempestade... O avião falha, os sentidos enganam, tudo é treva profunda... Por onde andará Fabien? E ficamos cá em vigília com a pobre esposa.
Exupéry não é só "O Pequeno Príncipe". Se fosse só isso já seria, convenhamos, grande. Mas há muito mais.
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