Diz Exupéry, no "Terra dos Homens":
Queremos ser libertados. O que dá uma enxadada no chão quer saber o sentido dessa enxadada. E a enxada do forçado, que humilha o forçado, não é a mesma enxada do lavrador, que exalta o lavrador. A prisão não está onde se trabalha com a enxada. Não há o horror material. A prisão está onde o trabalho da enxada não tem sentido, não liga quem o faz à comunidade dos homens. E nós queremos fugir da prisão.
Sem perceber, Exupéry, que não era marxista, explica um conceito caro aos marxistas- o da alienação. Alienação, "alheamento", é justamente isto: não se identificar com o trabalho, com o mundo, sentir-se um estranho diante das tarefas do cotidiano. Alienação é quando a vida não tem sentido, quando não se identifica com ela mesma. Adam Schaff, ao tratar da alienação no processo do trabalho, diz que a mesma "baseia-se no fato de que o trabalhador sente esse processo como obrigação (...) por essa razão, o homem foge ao trabalho quando pode, é infeliz quando trabalha e apenas sente a si mesmo fora do trabalho" (in "O marxismo e o indivíduo"). A alienação se verifica de várias formas: não apenas no trabalho, como na religião, no nacionalismo etc. e, como Schaff frisa, ainda existirá no socialismo que, obviamente, não é a panaceia das mazelas humanas nem o paraíso na terra. Daí, prossegue Schaff, a luta contra a alienação ser "uma luta pela liberdade do homem, em que o homem se torna dono e consciente de seu destino".
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